O primeiro turno das eleições brasileiras acabou no domingo (7), e agora os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputam a faixa de próximo Presidente da República. Os dois têm até o dia 28 de outubro para convencer os 147 milhões de eleitores de que são a melhor saída para o Brasil.
O que não parece ter saída, no entanto, é a contaminação da nossa sociedade por notícias enganosas e boatos espalhados pelas redes sociais. A exemplo do que já aconteceu em outros países, como Índia e Sri Lanka, agora é a vez do Brasil ver os ataques pularem da tela e chegarem às ruas.
Levantamento feito pela Agência A Pública já contabilizou 56 casos de agressões e ameaças nos últimos dias --50 de eleitores do Bolsonaro e 6 de pessoas contrárias a ele.
Não coincidentemente, em nenhum outro processo eleitoral brasileiro, viu-se um volume tão grande de boatos e falsas notícias sendo disseminado.
Levantamento da Agência Lupa mostra que só as 10 notícias enganosas mais populares entre agosto e outubro deste ano somaram 865 mil compartilhamentos no Facebook. Nos três primeiros colocados do ranking estava mentiras envolvendo Bolsonaro e Haddad.
Boato do mal
Índia
Falsos alertas de sequestro espalhados pelo WhatsApp levaram à morte de dezenas de indianos só neste ano. Os suspeitos de cometer os raptos eram atacados por
turbas que acreditavam fazer justiça com as próprias mãos.
México
Uma teia de mentiras contaminou as eleições presidenciais mexicanas, com boatos se difundindo por WhatsApp e Facebook. Para combater as notícias falsas, um grupo grande de jornalistas se uniu em torno da plataforma Verificado, que checa conteúdos.
Sri Lanka
Boatos sobre conspiração muçulmana para destruir a maioria budista se espalharam e alimentaram o ódio. O Sri Lanka desligou as redes sociais para conter a violência, mas houve ataques a mesquitas, negócios e sítios arqueológicos, além de agressões e mortes.
Brasil
Não é a primeira vez que os boatos de WhatsApp causam estragos no Brasil. No começo do ano, teorias conspiratórias sobre reações fatais à vacina de febre amarela, ao uso de mercúrio e a supostas ações governamentais se propagaram durante epidemia que infectou mais milhares e matou centenas.
'Fake news' se refere especificamente a informações falsas apresentadas como precisas. É o meio dedicado a este tipo de comunicação que é novo, a quantidade e quão amplamente isso é divulgado [pelas redes sociais]. Muitos estudiosos advogam contra o uso desse termo, defendendo 'desinformação' ou 'fraude viral'.