A cama do quarto que dormia
Hoje vive vazia
Lá, grandes momentos foram vividos;
Sussurros, fungados e gemidos,
Acabou-se a alegria
Tudo aquilo já acabou
Só a lembrança ficou
E a velha cama vazia.
...
(Fragmento do poema Cama vazia, de Raimundo Manoel de Araújo)
Este é um dos muitos poemas que compõe uma coletânea inteira de poesia escrita pelo ilustre poeta coroataense Raimundo Manoel.
Nascido em 30 de janeiro de 1946, o poeta coroataense teve uma infância difícil, foi alfabetizado por um professor leigo contratado pelo pai, que improvisou uma sala de aula em sua própria casa; banco feito de toras de madeira roliça era seu lugar de estudo.
Ainda menino sempre sonhou em melhorar seus conhecimentos. Completou o primeiro grau no conceituado “Colégio 28 de julho”, partindo para a segunda fase do primeiro grau( Ginásio) que fez através de um curso acelerado, cujas avaliações eram feitas em Teresina- PI, e onde recebeu certificado de conclusão do hoje ensino fundamental. Continuou estudando, fez curso técnico em contabilidade no Centro Educacional Joao XVIII, Coroatá-MA, anos depois através de concurso público entrou para o serviço público federal (antigo INAMPS) no qual trabalhou 16 anos, saindo voluntariamente. Hoje, como autônomo, exerce atividades comercias.
Na sua mais nova obra, antologia dos meus setenta anos, o poeta descreve detalhes importantes desde o seu nascimento no povoado Barriguda( Barragem), em 1946 até 2016. Além de transformar em belíssimos e inspiradores poemas cada página inesquecível de sua vida e de sua cidade.
“Quando criança eu lia e achava muito interessante a literatura de cordel, mas o tempo passou e eu não me envolvi como gostaria com a literatura, só depois do ano 2000, é que tentei escrever algumas poesias, com isso me veio o desejo de escrever um pouco mais, o que me motivou a publicá-los. Apesar de três livros publicados eu não me considero um poeta, nem um sonhador, eu sou apenas um escritor de poesias raízes. Minhas poesias são curtas e singelas. E Sempre parto de um ato ou de um fato para então eu desenvolve-las. Eu costumo dizer que as minhas poesias são informativas, pois no final da leitura você entende que estou passado uma mensagem referente a algum fato ou algum ato que aconteceu” — disse o poeta Raimundo Manoel.
Além do livro antologia dos meus 70 anos, o poeta também escreveu: Legado, poesia e companhia, e Civilização Coroataense, onde ele conta alguns fatos históricos sobre a cidade de Coroatá.
Aproveito o artigo, para homenagear este ilustríssimo poeta que tocou meu coração com suas palavras e sua história. Um exemplo de persistência e paixão pela poesia, pela cultura, e por sua Cidade.
Por isso deixo aqui mais um poema:
Tudo começou comigo
Ao nascer no vale do rio Pirapemas,
Sou um nordestino da gema
Um filho amado e querido.
No casamento não fui bem sucedido.
Filho de um bravo agricultor,
Com dificuldade, sou poeta e escritor.
Agradeço, por Deus sou protegido.
Hoje, já um septuagenário.
Vivo em casa como solitário,
Há espera de algum amigo.
Vivo só sem ter ninguém,
Sou mensageiro do bem,
Deus me livra do perigo.
(Poema, Mensageiro do bem, de Raimundo Manoel de Araújo)
Gostou do artigo?
Lidiane Lobão
Intagram: @lidianelobao