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Imagens pornográficas criadas por IA, 'deepnudes' viram epidemia em escolas dos EUA

Alunas de diferentes estados americanos foram vítimas de nudes falsos criados por colegas de classe, em casos semelhantes ao visto no Brasil

10/04/2024 às 10h53
Por: Redação
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Estudantes criam imagens falsas sexualmente explícitas a partir de fotos reais de meninas — Foto: Brea Souders/New York Times
Estudantes criam imagens falsas sexualmente explícitas a partir de fotos reais de meninas — Foto: Brea Souders/New York Times

Em 2022, escolas do mundo inteiro foram pegas de surpresa com a súbita popularidade de chatbots alimentados por inteligência artificial (IA), como o ChatGPT, da empresa OpenAI. Se em um primeiro momento as maiores preocupações dos educadores giravam em torno de possíveis colas e plágios feitos pelos alunos, agora um fenômeno ainda mais alarmante — e que já foi visto no Brasil — tem abalado comunidades escolares nos Estados Unidos: a geração de nudes falsos por IA.

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Meninos em vários estados americanos tem usado aplicativos de IA amplamente disponíveis para criar nudes de suas colegas de classe a partir de fotos reais das jovens. Em alguns casos, eles compartilharam as imagens falsificadas no refeitório da escola, no ônibus escolar ou em grupos de conversas em plataformas como Snapchat e Instagram.

Tais imagens digitalmente alteradas — conhecidas como "deepfakes" ou "deepnudes" — podem ter consequências devastadoras. Especialistas em exploração sexual infantil dizem que o uso de imagens geradas por IA não consensuais para assediar, humilhar e intimidar meninas pode ter grandes impactos na saúde mental, reputações e segurança física, além de representar riscos para suas perspectivas de faculdade e carreira no futuro. No mês passado, o FBI alertou que é ilegal distribuir material de abuso sexual infantil gerado por computador, incluindo imagens geradas por IA de menores identificáveis ​​envolvidas em conduta sexualmente explícita.

No entanto, o uso de aplicativos de IA por estudantes é tão novo que alguns distritos dos Estados Unidos parecem menos preparados para lidar com isso do que outros — o que torna o ambiente ainda mais inseguro para as alunas.

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— Esse fenômeno surgiu muito repentinamente e pode estar pegando muitos distritos escolares despreparados e inseguros sobre o que fazer — disse Riana Pfefferkorn, pesquisadora do Observatório de Internet da Universidade Stanford, que escreve sobre questões legais relacionadas a imagens de abuso sexual infantil geradas por computador.

Em Westfield, no estado de Nova Jersey, algumas meninas do 10º ano na Westfield High School — incluindo Francesca, a filha de 14 anos de Dorota Mani — alertaram a diretoria da escola, em outubro, que os meninos de sua classe haviam usado software de inteligência artificial para fabricar imagens sexualmente explícitas delas e estavam circulando as fotos falsificadas.

Cinco meses depois, os Manis e outras famílias afirmam que o distrito fez pouco para abordar publicamente as imagens adulteradas ou atualizar as políticas escolares para dificultar o uso exploratório de IA.

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— Parece que a administração da Westfield High School e o distrito estão participando de uma aula magistral de fazer com que esse incidente desapareça no ar — disse Mani, fundadora de uma creche local, aos membros do conselho escolar durante a reunião.

Em um comunicado, o distrito escolar disse que abriu uma "investigação imediata" ao tomar conhecimento do incidente, notificou imediatamente e consultou a polícia, e forneceu aconselhamento em grupo para a classe do segundo ano.

"Todos os distritos escolares estão lidando com os desafios e impactos da inteligência artificial e de outras tecnologias disponíveis para os alunos a qualquer momento e em qualquer lugar”, disse Raymond González, superintendente das escolas públicas de Westfield, no comunicado.

Em Beverly Hills, as escolas adotaram uma posição pública mais rígida.

Quando a direção soube, em fevereiro, que meninos do oitavo ano da Beverly Vista Middle School haviam criado imagens explícitas de suas colegas de 12 e 13 anos, rapidamente enviaram um e-mail com o assunto: "Uso Horroroso da Inteligência Artificial" para todos os pais, funcionários e alunos do ensino médio e fundamental da região. A mensagem instava os membros da comunidade a compartilharem informações com a escola para ajudar a garantir que o uso "perturbador e inapropriado" de IA pelos alunos "pare imediatamente".

Também alertou que o distrito estava preparado para instituir punições severas. "Qualquer aluno encontrado criando, disseminando ou possuindo imagens geradas por IA dessa natureza enfrentará ações disciplinares", incluindo uma recomendação de expulsão, disse a mensagem.

O superintendente Bregy disse que as escolas e os legisladores precisavam agir rapidamente porque o abuso de IA estava fazendo os alunos se sentirem inseguros nas escolas.

— Você ouve muito sobre segurança física nas escolas — disse ele. — Mas o que você não está ouvindo é sobre essa invasão à segurança pessoal e emocional dos alunos.

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