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Governo cede a pressão e revoga norma sobre fiscalização do Pix

Após ação da oposição e fake news, Lula vai editar medida provisória para reafirmar que não haverá taxa no pagamento instantâneo

Redação
Por: Redação Fonte: Folha de São Paulo
15/01/2025 às 21h42 Atualizada em 15/01/2025 às 21h48
Governo cede a pressão e revoga norma sobre fiscalização do Pix
O advogado-geral da União, Jorge Messias (esq.), o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas (centro) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva de imprensa - Mateus Bonomi - 15.jan.2025/AGIF

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta quarta-feira (15) que o governo vai revogar a norma da Receita Federal que amplia a fiscalização sobre transações de pessoas físicas via Pix que somarem ao menos R$ 5.000 por mês.

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Na sequência, vai ainda editar uma medida provisória para reforçar que não pode haver diferença no valor cobrado em Pix e em dinheiro, e que está mantido o sigilo bancário dessa modalidade de transferência. O texto não abordará o que havia na norma revogada.

As declarações foram dadas no Palácio do Planalto ao lado do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, e do advogado-geral da União, Jorge Messias.

"A MP reforça os princípios tanto da não oneração da gratuitidade do Pix quanto das cláusulas de sigilo bancário do Pix, objetos de exploração por parte dessas pessoas que estão cometendo um crime", disse Haddad.

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A medida, na prática, reforça o que já existe, mas é uma forma de responder politicamente às críticas da oposição. O anúncio acontece após uma onda de desinformação sobre a medida nas redes sociais.

"O estrago causado está feito por esses inescrupulosos, inclusive senador e deputado, agindo contra o Estado. Essas pessoas vão ter que responder pelo que fizeram, mas não queremos contaminar a tramitação da MP no Congresso", disse Haddad.

Na avaliação do advogado Ranieri Genari, especialista em direito tributário e consultor na Evoinc, a decisão desta quarta reverterá um efeito que estava se desenhando, que seria o desestímulo ao uso do Pix, com a preferência de novo pelo papel-moeda. "Acalmam-se os ânimos", diz.

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Já o economista André Perfeito, sócio da consultoria APCE, afirma que o recuo mostrou fraqueza do governo e destacou a percepção de o mal-estar econômico no Brasil.

"Se a população está 'apta' a aceitar essa mentira como verdade, é evidente que a situação econômica geral está piorando a passos largos. A queda da atividade está contratada e a população reage violentamente a qualquer indício de diminuição de renda. Esta hipersensibilidade da população é a evidência que faltava para deixar claro que a atividade já está desacelerando", diz Perfeito.

As novas regras da Receita, que agora serão revogadas, entraram em vigor no início do ano e determinavam que operadoras de cartão de crédito e instituições de pagamento, como bancos digitais, deveriam notificar operações que ultrapassem o montante de R$ 5.000 por mês para pessoas físicas e R$ 15 mil mensais no caso de pessoas jurídicas.

Essas transações incluem o Pix, inclusive considerando operações entre contas do mesmo titular.

A norma já se aplicava a bancos tradicionais e cooperativas de créditos. Agora, passaria a valer para novos integrantes do sistema financeiro.

O ministro não descarta por completo a reedição da regra da Receita Federal. Segundo disse, haverá diálogo do governo federal com os estaduais sobre o tema, após a tramitação da MP, porque o objetivo da norma da Receita era combater crimes.

"Precisa ser um projeto de Estado. Não de partido A ou B", disse Haddad.

Nos últimos dias, viralizaram vídeos como o do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) criticando a instrução normativa da Receita Federal. Na publicação, o parlamentar critica a medida da Receita, afirma que o governo "só está pensando em arrecadar, sem te oferecer nada" e fala em "quebra de sigilo mascarado de transparência". O vídeo registra mais de 200 milhões de visualizações no Instagram.

 
 
 
 
 
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Uma publicação compartilhada por Nikolas Ferreira (@nikolasferreiradm)

O ministro da Fazenda não citou nominalmente o deputado mineiro, mas mencionou a investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da rachadinha, e disse que a medida da Receita visa evitar crimes como este.

Questionado, o ministro respondeu que a principal fonte divulgadora da desinformação foi a oposição. "O impulsionamento, sem dúvida, é deles", disse. Haddad lembrou ainda que o seu antecessor no cargo, Paulo Guedes, ministro de Bolsonaro, chegou a defender a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

A AGU vai também notificar a Polícia Federal para que encontre responsáveis pelas desinformações divulgadas sobre o tema.

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