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A navegação no rio Itapecuru e sua contribuição para a história de Coroatá

O vai e vem dos barcos, trouxeram prosperidade a várias cidades, em especial a cidade de Coroatá.

Ednaldo Rodrigues
Por: Ednaldo Rodrigues
31/01/2023 às 13h13 Atualizada em 02/05/2024 às 14h52
A navegação no rio Itapecuru e sua contribuição para a história de Coroatá
Embarcação Estrela D'alva que se mantinha em atividade transportando passageiros e mercadorias (Foto: Ednaldo Rodrigues)

Coroatá pertence a uma seleta lista de cidades a margem do rio Itapecuru, um dos principais rios do Maranhão. 

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No século XIX, a navegação fluvial teve um grande papel no desenvolvimento da região. Era através dos barcos a vapores que a população ribeirinha a margem do rio escoava suas produções. Grande parte desta produção era levada até a capital São luís, no intuito de vender ou até mesmo trocar por outras mercadorias. 

Embarcação atracada as margens do rio, na cidade de Coroatá (foto: Ednaldo Rodrigues)

O vai e vem dos barcos, trouxeram prosperidade a várias cidades, em especial a cidade de Coroatá, já que a mesma ficava localizada na metade do caminho de São luís a Caxias, que eram os percursos dos vapores na época.

O vai e vem de barcos neste período se dava não somente para escoamento da produção agrícola, mas também de passageiros, tais como os barões, negociantes, viscondes, conselheiros, comendadores, políticos etc.; gerando assim uma grande demanda por melhorias na navegação e também maior numero de embarcações. 

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Embarcação a vapor da companhia Fluvial subindo o rio Itapicuru. Imagem do século 19 (foto: Ednaldo Rodrigues)

Foi no mês maio de 1849 que se deu início as navegações de vapores no rio Itapecuru, o primeiro barco a vapor a navegar no rio foi o Vapor Gaiola, de nome “Caxiense” que fazia o percurso da capital da província à cidade de Caxias, passando por Coroatá na sua ida e volta; a embarcação pertencia a companhia de Navegação a Vapor do Maranhão. 

A própria origem da cidade de Coroatá estar atrelada a navegação, uma vez que foram construídos vários paióis a margem do rio.

Esses paios ou galpões como podemos chamar, eram locais de armazenamentos de insumos agrícolas, construído por pessoas das regiões vizinhas para armazenar seus produtos até a chegada dos vapores. 

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Com o passar do tempo, essas mesmas pessoas que construíram esses paios construíram também pequenas casas para lhes dá um maior conforto enquanto esperava os vapores. Com isso foi se formando um prospero Arraial, denominado de Arraial do Coroatá, que logo em seguida se tornou vila e posteriormente cidade. Mas isso ficará para uma outra história que trarei em breve.

Não poderia deixar de ressaltar que foi através do Rio que a Cidade de Coroatá teve a honra de receber no ano de 1906 a visita do presidente do Brasil, o Sr. Afonso Pena, que veio ao maranhão a convite do então governador da época, para conhecer as reais condições da navegação do rio Itapecuru, a viajem do presidente teve início em  São Luís e passou por várias cidades a margem do Itapecuru, em especial a cidade de Coroatá, na qual transcrevo a baixo um trecho do relato da viagem do presidente quando chegou a Coroatá no dia 9 de julho de 1906. 

EM COROATÁ

“Às 2 horas da madrugada do dia 9 de julho, a comitiva partiu de Itapecuru para alcançar a cidade de Coroatá.

No trajeto, surgiu o primeiro acidente. O vapor encalhou, fazendo o mesmo desviar-se do canal do rio, fato que, além de atrasar a viagem em cerca de três horas, tornou-a enfadonha, em face do calor reinante a bordo, que atingiu 35 graus.

Só às 14 horas, o vapor conseguiu aportar em Coroatá, que se preparou festivamente para recepcionar as autoridades e os visitantes.

Nas ruas, o povo aclamava o presidente e o governador, ambos conduzidos para a residência do coletor, onde foi servido um banquete, após o qual discursou o promotor público, Luiz Tote. Afonso Pena agradeceu a homenagem.

Dali, os visitantes rumaram para a Câmara Municipal, onde se realizou uma sessão solene, em que a edilidade resolveu dar ao largo da matriz o nome de praça Dr. Afonso Pena. Antes do encerramento da solenidade, a professora Lina Costa saudou o presidente.” 

Uma draga que atuava no rio Itapecuru, nos anos 80 (foto: Ednaldo Rodrigues)

Após a visita do presidente do Brasil a nossa cidade, deu-se inicio as negociações para se construir uma linha férrea próxima ao rio, já que foi constatado que o rio já não supria a demanda da região, devido ao seu nível muito baixo, com que fazia as embarcações encalhassem constantemente. Pouco tempo depois veio a surgir a linha férrea São luís/Teresina. Porém essa é uma outra história que também contarei muito em breve quando o tema for o trem e a prosperidade que veio com ele.

Para finalizar nossa história de hoje, quero ressaltar que o Rio Itapecuru juntamente com seu sobe e desce de barcos a vapores, construíram uma parte importante de nossa história e é para o nosso rio que dedico esse texto simples mais de coração pulsante por saber que tive a honra e o prazer de crescer banhando em suas águas, não cheguei a ver os barcos, pós quando se encerrou de vez a navegação eu ainda era muito jovem. Mas sei que o rio ficou mais triste depois disso. 

Espero que tenham gostado da história de hoje, em breve teremos mais.

Aproveito a oportunidade para pedir a contribuição dos leitores, para que nos ajude a resgatar nossa história, creio eu que em casa temos uma tia, um pai, uma mãe, avó e demais parentes que saibam muita historia sobre nossa Coroatá, e são essas historias que nos ajudam a sanar varias duvidas de nossas pesquisas. Caso alguém conheça pessoas que têm alguma historia legal que deve ser preservada, entre em contato através do whatsapp  (98) 984966623 ou se dirigir até a Secretaria Municipal de Cultura, localizada no prédio do Centro de Reabilitação e procurar por Ednaldo Rodrigues. Desde já obrigado e até a próxima história.

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